Quebrando Paradigmas Invisíveis: Os Riscos Psicossociais e a Ruptura do Profissional de RH e DP

Mulher com expressão de exaustão em ambiente corporativo, representando os riscos psicossociais dos profissionais de RH e DP.

Quebrando Paradigmas Invisíveis: Os Riscos Psicossociais e a Ruptura do Profissional de RH e DP

“É só apertar um botão que resolve…”
Disse alguém no alto escalão, talvez sem nunca ter fechado uma folha de pagamento numa sexta-feira às 23h com o eSocial caindo e o profissional de DP em modo zenbudista, à base de maracujina e cercado por softwares que prometem muito, entregam o básico e ainda bugam na hora H.

Nos bastidores do mundo corporativo, uma categoria profissional segue em modo sobrevivência 4.0: os incansáveis profissionais de Departamento Pessoal e Recursos Humanos. Não importa se é feriado, final de semana ou chuva de novos decretos — eles estão lá, traduzindo obrigações legais em realidade prática, com a serenidade de quem sabe que errar pode custar caro… muito caro.

A Nova Era do “Quem Mandou Trabalhar com Gente?”

Vivemos uma era em que se exige dos profissionais de DP e RH multitarefas sobre-humanas, uma capacidade de atualização sem fim, e um domínio de plataformas que, ironicamente, funcionam menos que Wi-Fi de repartição pública.

O eSocial — que prometia integrar tudo e simplificar processos — acabou se tornando uma saga épica de atualizações diárias, erros técnicos, manuais secretos e prazos irreais. Tudo isso embalado com o slogan:

“É para o bem de todos.”

Ah, sim… e quando o governo resolve “melhorar” algo, como a nova forma de gerir empréstimos consignados, ou cria obrigações extras por Medida Provisória numa sexta-feira à noite… quem resolve?

Você. Eu. Nós. O DP. O RH.

E Onde Estão os Ilustres Criadores das Regras?

Agora vamos à parte engraçada (ou trágica, dependendo do humor do dia):

As Autarquias Governamentais — essas entidades iluminadas — muitas vezes criam normas, sistemas e exigências sem consultar ninguém da ponta.

Não falam com as Associações de Classe, não escutam os sindicatos técnicos, não chamam para um café os profissionais que vão operacionalizar a lei.

Simplesmente soltam no ar e dizem:

“Tá aí! Agora se virem. E se der errado, a multa é alta, viu?”
(claro… para aprendizado coletivo, né? 🤡)

Onde está a ABRH, a APDPRH, os Conselhos, as federações regionais?
Estão aí, gritando no vácuo, tentando dialogar, enquanto o sistema está fora do ar e o contribuinte já exige a guia com código de barras em mãos.

A real? A legislação nasce em cima de planilhas frias e morre nas mãos de quem tem que atender a pessoa com o nome incompleto no cadastro do FGTS.

A Ruptura: Muito Além da Série

Se você assistiu à série Ruptura (Severance), sabe do que estamos falando.
Na trama, os funcionários de uma grande corporação passam por um procedimento que separa suas memórias pessoais das profissionais.
Na prática, têm duas vidas: uma dentro e outra fora da empresa. Só que… não se reconhecem entre si.

Ficção? Será?

Será que o mundo do trabalho já não criou, há muito tempo, uma espécie de ruptura emocional, onde o profissional de RH e DP desliga o botão dos sentimentos para sobreviver à lógica corporativa?

Quantos de nós já não estamos vivendo uma dissociação mental parecida, onde o CPF do colaborador importa mais do que o seu nome completo?

Chega.

Está na hora de ressignificar o papel do RH e do Departamento Pessoal.
Está na hora de pararmos de nos culpar por não dar conta de tudo, quando o que falta é estrutura, escuta e respeito institucional.
Está na hora de chamar os entes governamentais à responsabilidade: ouvir quem executa, testar antes de lançar, dialogar com quem vive a prática.

Não é puxar sardinha para o nosso lado. É dar voz a quem sustenta o sistema inteiro.

Por: Prof. Hamilton Marin

Vice-Presidente da APDPRH – Associação dos Profissionais de Departamento Pessoal e Recursos Humanos
Consultor, autor, educador corporativo e defensor incansável da valorização dos profissionais de RH e DP no Brasil.
CEO da HR Marin – www.consultoriahrmarin.com.br

Compartilhe nas mídias:

Comente o que achou: