A indústria do futebol agrega paixão pelo esporte com habilidades profissionais, e a combinação certa de conhecimentos contábeis e interesse pelo futebol pode abrir portas para uma carreira empolgante e significativa nesse campo.
No país do futebol, as rotinas voltadas à contabilidade dos clubes esportivos têm avançado cada vez mais para proporcionar maior controle e maior nível de governança. Desde 2019, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) possui o Grupo de Estudos sobre Entidades Esportivas que discute e revisa as normas contábeis para esse setor.
Estrutura contábil dos clubes de futebol
Nos últimos dez anos, diante do crescimento dos níveis de receita, em especial dos times da série A, cujo orçamento pode chegar a mais R$800 milhões por ano, uma das principais discussões é o enquadramento dessas organizações, sendo que no Brasil, a maior parte dos clubes de futebol são formalizados como entidades associativas, sem fins lucrativos, criadas a partir de um estatuto feito pelos fundadores.
A receita é, em geral, alcançada por meio dos direitos de transmissão, da venda bilheteria dos jogos e dos atletas a outros times, de patrocínios e das mensalidades recebidas dentro dos programas de sócio torcedor.
Já as despesas estão vinculadas principalmente à remuneração de atletas e demais funcionários; à aquisição do direito de jogadores; à operação dos jogos; e à formação dos atletas. Além disso, geram custos as manutenções, as depreciações e os juros de dívidas.
Os ativos representam os bens do clube, e são formados pelos valores em caixa e em aplicações; pelos bens imobilizados, como estádios; e pelos ativos intangíveis como os direitos de exploração da atividade profissional de um determinado atleta.
Já os passivos, que representam as dívidas e outras obrigações dos clubes, estão ligados, principalmente, aos tributos parcelados, ou seja, taxas de renegociação das dívidas tributárias; empréstimos e financiamentos de curto e longo prazo. A aquisição de jogadores profissionais também está nesse grupo, e pode custar caro aos times, sobretudo quando a cotação da moeda brasileira é menor do que a do país do clube pelo qual o atleta foi adquirido.
Quais normas devo estudar para trabalhar com futebol?
1. International Financial Reporting Standards (IFRS) : as Normas Internacionais de Relato Financeiro são um conjunto de princípios contábeis internacionais adotados por muitos países, em todo o mundo, para garantir a uniformidade e transparência nas demonstrações financeiras.
2. Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnica Geral (NBCs TG), equivalentes aos Pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC): no Brasil, o CPC é responsável por emitir pronunciamentos técnicos contábeis, de acordo com as normas internacionais (IFRS).
3. Lei das Sociedades por Ações: em países que possuem leis específicas para as sociedades por ações, como o Brasil, empresas e clubes de futebol dessa categoria devem seguir as regras e os regulamentos estabelecidos por essa legislação.
4. Regulamentos Financeiros da FIFA (FIFA Financial Regulations): a FIFA, como órgão regulador do futebol mundial, possui regulamentos financeiros que devem ser seguidos por clubes, federações nacionais e outras entidades que são relacionadas ao futebol e estão sob sua jurisdição.
5. Outras regulações do CFC, como: ITG 2002 – Entidades sem Finalidade de Lucros e NBC PG 01 – Código de Ética Profissional do Contador.
6. Interpretação Técnica Geral 2003 (ITG 2003).
Traremos aqui algumas dicas para profissionais da contabilidade se inserirem nesse mercado específico:
Conheça a indústria do futebol: Antes de tudo, é essencial entender a dinâmica e a estrutura da indústria do futebol. Isso inclui compreender o funcionamento de clubes, federações, ligas, agências de jogadores e outros atores relevantes. Fique atualizado sobre as últimas notícias e tendências do setor.
Busque especializações: Considere fazer cursos ou obter certificações adicionais relacionadas à contabilidade no esporte ou ao gerenciamento financeiro no futebol. Isso pode aumentar sua credibilidade e conhecimento no campo.
Entenda as particularidades contábeis no futebol: Como mencionado anteriormente, o futebol pode ter algumas particularidades contábeis, como o tratamento dos ativos intangíveis (por exemplo, o valor de jogadores) e os contratos de patrocínio. Familiarize-se com essas questões para estar preparado para enfrentá-las.
Aproxime-se de clubes ou agências esportivas: Envie seu currículo para clubes de futebol, agências de jogadores ou outras organizações relacionadas e demonstre seu interesse em trabalhar com contabilidade no esporte. Os clubes e associações esportivas precisam de profissionais da contabilidade para gerenciar suas finanças.
Seja flexível e resiliente: O mercado do futebol é competitivo; por isso, qualquer profissional pode levar tempo para encontrar a oportunidade certa. Esteja disposto a começar com cargos iniciais e evoluir gradualmente.
Mantenha-se atualizado sobre regulamentações e mudanças: Esteja atento às normas contábeis em constante evolução, bem como a quaisquer regulamentações específicas do futebol que possam impactar o trabalho contábil.
A contabilidade está no Brasil desde 1549, com a nomeação de Gaspar Lamego como o primeiro Contador-Geral das Terras e o futebol chegou em 1894 com o Charles Miller, considerado o “pai do futebol” no país. Desde então, ambos, contabilidade e futebol, têm evoluído lado a lado.